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Ciência

Garimpos ilegais de ouro podem emitir 3,5 toneladas de carbono por hectare e concentrar mercúrio no solo

Garimpos ilegais de ouro podem emitir 3,5 toneladas de carbono por hectare e concentrar mercúrio no solo
Área devastada por garimpo ilegal de ouro na Terra Yanomami — Foto: Daniel Marenco/Agência O GLOBO

Os garimpos ilegais de ouro têm se tornado uma preocupação ambiental e social cada vez maior no Brasil. Além de destruírem vastas áreas de florestas, essas atividades liberam quantidades alarmantes de carbono na atmosfera e aumentam a concentração de mercúrio no solo, trazendo graves consequências para os ecossistemas e para a saúde humana.

Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que os garimpos podem emitir em média 3,5 toneladas de carbono por hectare. Essa liberação ocorre devido ao desmatamento e à remoção da camada orgânica do solo, que é essencial para a retenção de carbono. O processo também expõe grandes quantidades de mercúrio, chegando a concentrar até 39 quilos do metal por hectare.

Onde está o problema?

As pesquisas foram realizadas em áreas de mineração de ouro nos estados do Pará, Mato Grosso e Minas Gerais, abrangendo biomas como Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Nessas regiões, amostras de solo foram analisadas para entender a dinâmica sazonal do carbono e do mercúrio. Os resultados são alarmantes: durante a transição da estação chuvosa para a seca, a emissão de carbono aumentou em até 20%, enquanto a disponibilidade de mercúrio no solo também cresceu significativamente.

A utilização excessiva de mercúrio é uma prática comum nos garimpos ilegais para separar o ouro dos sedimentos. O problema é que esse metal acaba sendo liberado no ambiente, onde microrganismos o convertem em mercúrio metilado, um composto altamente tóxico. Esse composto se acumula nos peixes e, ao ser consumido por humanos, pode causar sérios problemas de saúde.

Impactos na saúde e no meio ambiente

O mercúrio metilado é extremamente prejudicial à saúde humana. Ele pode causar danos renais, problemas cardiovasculares, alterações no sistema imunológico e até danos cerebrais que comprometem o desempenho cognitivo. Estudos anteriores já documentaram altos níveis de contaminação em comunidades indígenas, como os Yanomami, que vivem próximos a áreas de garimpo ilegal.

No meio ambiente, os impactos também são devastadores. Dados do MapBiomas indicam que o Brasil possui cerca de 263 mil hectares de áreas de garimpo, sendo 92% localizadas na Amazônia. Dessas áreas, 77% estão a menos de 500 metros de corpos d’água, elevando o risco de contaminação de rios e lençóis freáticos.

Estima-se que os solos minerados possam conter até 10.200 toneladas de mercúrio, uma quantidade que, se mobilizada, teria consequências catastróficas. As alterações climáticas, por sua vez, podem agravar ainda mais o problema, facilitando o transporte do mercúrio e aumentando sua biodisponibilidade.

O que pode ser feito?

Os pesquisadores destacam a importância de aprofundar os estudos sobre a interação entre o solo e os compostos orgânicos que podem reter mercúrio e carbono. Entender esses mecanismos é essencial para mitigar os impactos da mineração ilegal.

Além disso, é urgente que o Brasil fortaleça suas políticas públicas e intensifique a fiscalização dessas atividades. Isso inclui não apenas a repressão ao garimpo ilegal, mas também o incentivo a práticas sustentáveis e a educação ambiental das comunidades locais.

Impactos econômicos e sociais

Os efeitos do garimpo ilegal não se limitam ao meio ambiente. A economia local e a qualidade de vida das comunidades afetadas também sofrem. Muitas regiões onde o garimpo é praticado apresentam altas taxas de criminalidade, condições de trabalho precárias e falta de infraestruturas básicas. Trabalhadores frequentemente enfrentam riscos de saúde devido à exposição ao mercúrio e às condições insalubres nos locais de mineração.

Do ponto de vista econômico, a dependência do garimpo ilegal impede o desenvolvimento de atividades mais sustentáveis e lucrativas a longo prazo. Setores como turismo ecológico e agricultura de baixo impacto poderiam prosperar em muitas dessas regiões, desde que houvesse investimentos e políticas de incentivo adequadas.

Políticas e fiscalização

A fiscalização dos garimpos ilegais é um dos maiores desafios enfrentados pelas autoridades brasileiras, pois muitas dessas atividades ocorrem em áreas remotas, de difícil acesso, o que dificulta a atuação de agências reguladoras e forças de segurança. Além disso, há relatos de corrupção e falta de recursos para realizar operações de controle de maneira eficiente.

Para combater o problema, é fundamental fortalecer as estruturas de monitoramento, utilizando tecnologias como imagens de satélite e drones para identificar áreas de desmatamento e mineração. Projetos como o MapBiomas têm demonstrado a eficácia dessas ferramentas, mas é necessário integrá-las a ações concretas de fiscalização.

O papel da sociedade contra os garimpos ilegais

A sociedade também desempenha um papel crucial na luta contra os garimpos ilegais. Entretanto a conscientização sobre os impactos dessa atividade é essencial para gerar pressão por mudanças. Campanhas educativas, parcerias com organizações não governamentais e o apoio a iniciativas de sustentabilidade podem contribuir para transformar a realidade dessas regiões.

Consumidores também podem fazer a diferença ao exigir ouro de fontes certificadas e apoiar empresas que adotem práticas sustentáveis. Essa demanda por transparência na cadeia de produção é um passo importante para reduzir a viabilidade do garimpo ilegal.

Os garimpos ilegais são um problema complexo que exige soluções multidisciplinares. Eles não apenas colocam em risco a biodiversidade e a integridade dos ecossistemas, mas também ameaçam a saúde e o bem-estar das populações que dependem diretamente desses recursos naturais.

Assim, é fundamental que toda a sociedade esteja atenta às consequências dessas atividades e cobre ações concretas para proteger o meio ambiente e garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações.

Fonte: Science Direct | O Globo

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